Princesa do povo: como Lady Di revolucionou a relação da realeza e seus súditos

Princesa Diana após seu casamento com o antigo Príncipe Charles Reprodução/redes sociais

Por Ana Beatriz Aith, Isabela Tumolo e Julia Macori

Diana Frances Spencer nasceu em 1961 em Sandringham, Inglaterra. Vinda de uma família da aristocracia britânica, Diana recebeu o título de lady após a nomeação do seu pai como 8º Conde Spencer. A jovem encontrou sua paixão nas artes, era atleta e dançarina, mas interessou-se por diversas profissões como babá, faxineira e se estabilizou como professora infantil.

Em 1981, Diana casou-se com o príncipe Charles. O conhecera em 1977, já que ele era namorado de sua irmã. Três anos após o término da irmã, Diana relaciona-se com Charles e logo se casam, naquele que foi conhecido como o casamento do século.

Diana e Charles tiveram dois filhos: William e Harry. Porém, seus filhos não foram suficientes para que o relacionamento de Diana fosse tranquilo, já que Charles a traía com Camilla Parker. Assim sendo, Lady Di e príncipe Charles assinam os papéis do divórcio em 1996.

Princesa Diana e Príncipe Charles em 1981, ano do casamento real. Foto: Joe Haupt/Flickr

A vida de Diana tornou-se pública e muito buscada pela imprensa e, mesmo após o término de seu relacionamento com o príncipe, isso persistiu, fazendo com que ela sempre fosse perseguida por paparazzi. Em uma noite, em agosto de 1997, após iniciar seu relacionamento com o egípcio Dodi Al-Fayed, Diana foi perseguida por paparazzi ao sair de um restaurante. O motorista do carro, que estava sob efeito de álcool e remédios controlados, correu para escapar dos flashs, resultando no acidente fatal que levou Lady Di.

Lady Di, a princesa do povo

Humilde e empática, Diana teve sua vida marcada pelos trabalhos sociais nos quais atuou. Desde jovem, Lady Di não deixou com que sua posição social a impedisse de ser uma pessoa comum, isso se mostra pelos trabalhos que buscou fazer quando jovem, como faxineira, babá e professora. Porém, ao tornar-se princesa, Diana se aprofundou nas questões sociais.

Um dos exemplos mais memoráveis envolve seu trabalho com soropositivos, em que fazia questão de tocá-los e abraçá-los publicamente, a fim de usar sua influência para erradicar o preconceito existente em torno da doença AIDS. Outra atitude célebre foi quando Diana andou por um campo de minas terrestres, com o intuito de destacar o risco causado à população africana pelos conflitos civis no continente. Além disso, ela se ofereceu a ajudar em diferentes causas sociais, como atender pessoas sem-teto, dependentes químicos, entre outros.

Lady Di cumprimenta portador do vírus da AIDS no Canadá Foto: Getty Images

A princesa também fazia questão de apresentar a realidade aos seus filhos desde pequenos, levava-os para instituições filantrópicas, vestia-os com roupas casuais como jeans e bonés e andava com eles em transporte público. A forte presença social fez com que a população e a imprensa se afeiçoassem demais pela figura de Diana, surgindo assim seu apelido de princesa do povo. Em 1995, dois anos antes de sua morte em Paris, ela disse em uma entrevista que gostaria de ser uma rainha, mas não estava falando sobre a monarquia britânica. Ela queria ser a rainha do coração das pessoas.

Passados 25 anos desde sua morte, tornou-se muito visível o quão bem ela cumpriu o desejo de ganhar o coração de seu povo. Todo mês de agosto, inúmeras homenagens chegam para celebrar sua vida e seu legado. Além disso, as diversas séries e documentários relatando a vida de lady Di, como The Crown, Spencer e Diana, a Princesa do Povo, fazem com que a memória popular da princesa se mantenha viva.

O povo perde sua princesa

Diana havia criado um vínculo jamais visto antes entre realeza e povo, na Inglaterra. Sua morte foi a consolidação desse fato, uma vez que provou para o restante da realeza o quão querida pela população Lady Di era. No entanto, passando férias na Escócia, a Rainha não retornou a Londres ao saber da morte de Diana, fato que revoltou a população, fazendo com que jornais britânicos se manifestassem pedindo pela volta da rainha e o hasteamento da bandeira “Onde está nossa rainha? Onde está nossa bandeira” publicou o jornal The Sun. Após pressão popular e midiática, a rainha Elizabeth finalmente se pronunciou, cinco dias após a morte de Diana.

Carro de Princesa Diana após o acidente fatal em 1997 Foto/Reprodução: CORDON PRESS

O fato que colocou uma trégua e uniu novamente o povo à realeza foi a sutil reverência de Elizabeth ao caixão com o corpo de Diana. Como rainha inglesa, Elizabeth não é obrigada a fazer reverências ou gestos cordiais a outras pessoas, mas no funeral de Diana, a monarca inclinou levemente a cabeça, gesto discreto, mas suficiente para reconciliar-se com seu povo.

Lady Di revolucionou, portanto, o significado da realeza britânica, tornando-a mais informal. Seu legado de humildade e conexão com o povo foi passado para seus filhos. William e sua esposa Kate engajaram-se na melhoria dos serviços de saúde mental, enquanto Harry tornou-se inspiração para veteranos militares feridos. Para além disso, a própria Rainha Elizabeth mostrou-se mais aberta e conectada à população, guardadas as proporções e regras da realeza.

Princesa Diana abraçando criança soropositiva na FEBEM em São Paulo, 1991 Foto/Reprodução: MirrorPix

Diana quebrou protocolos reais

Sua relação com o povo também trouxe uma aproximação e um apoio muito grande de mulheres, já que Diana quebrou diversos protocolos reais que eram considerados machistas por ela e que vinham sendo obrigatoriamente seguidos desde sua chegada. Suas ações causaram impacto na população feminina, representando liberdade a todas as garotas britânicas.

Logo em seu casamento ela deu início a essa revolução, já que a maioria das noivas reais declaravam no casamento os votos que já estavam predeterminados, mas Lady Di não aceitou. Ela foi a primeira princesa a escrever seus próprios votos e omitiu a parte em que dizia que deveria obedecer a Charles em todos os momentos, algo que repercutiu muito negativamente, já que na época o machismo era ainda mais presente.

Homenagem prestada por britânicos no Palácio de Kensington, 2022 Foto: CARLOS JASSO/AFP/JC

Outro padrão que Diana não seguiu foi com relação a seus filhos. Graças a agenda apertada que qualquer membro da realeza possui, a Rainha Elizabeth passava apenas uma hora por dia com seus filhos. Apesar dos compromissos, Lady Di decidiu fazer o possível para cumprir seu papel de princesa, mas sem negligenciar seu papel de mãe. Escolheu pessoalmente os babás de seus filhos e levava as crianças em todas as viagens internacionais. Ela sempre considerou sua família como parte mais importante de sua vida e fazia questão de passar mais tempo com Harry e William.

Como os tempos na monarquia daquela época eram extremamente machistas, não era aprovado que mulheres fossem sozinhas a eventos públicos, por exemplo. Mas Lady Di, que já estava tendo problemas em seu casamento, percebeu que não precisava de Charles e começou a sair sem companhia. A princesa também rompeu protocolos de vestimenta rigorosos. Na mesma noite que Príncipe Charles disse a imprensa que a havia traído, lady Di compareceu a um evento de gala em Londres com, um dos mais emblemáticos vestidos da história britânica, o “revenge dress”. Com o comprimento acima dos joelhos, ombros a mostra e decote, ela desafiou os padrões impostos pela realeza, causando grande repercussão. Sua importância na realeza foi ainda maior do que o imaginado, considerando sua luta contra o machismo e a livre escolha das mulheres.

Princesa Diana usando o famoso “revenge dress” em 1994. Foto: JAYNE FINCHER/GETTY IMAGES

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